Rocketman - Dexter Fletcher


"A trajetória de como o tímido Reginald Dwight (Taron Egerton) se transformou em Elton John, ícone da música pop. Desde a infância complicada, fruto do descaso do pai pela família, sua história de vida é contada através da releitura das músicas do superstar, incluindo a relação do cantor com o compositor e parceiro profissional Bernie Taupin (Jamie Bell) e o empresário e o ex-amante John Reid (Richard Madden)."
Realmente sou apaixonada por musicais. Muito apaixonada (por favor alguém me leva para a Broadway!).

Rocketman é a cinebiografia de uns dos cantores que fizeram parte da minha infância e pode-se dizer "educação musical". Aprecio Elton John desde sempre, cresci ouvindo e aprendi com a minha mãe a adorar as músicas dele (inclusive se eu tivesse nascido um belo menininho cabeludo me chamaria Daniel por conta de uma música de Elton - essa música só aparece rapidamente a letra e ele canta uma frase numa cena onde esta apresentando as músicas para o empresário).

Quando fiquei sabendo que estava sendo produzido. fiquei muito feliz, pois acho muito legal esse tipo de "homenagem" ao artista ainda vivo. Inclusive Elton John foi produtor do filme. Queria ter ido ao cinema para ver em tela grande toda a exuberância desse personagem da música pop internacional.
Não rolou na tela grande, mas acabei assistindo pelo aplicativo Telecine Play e depois na tv mesmo.
Assim... Cantei o tempo todo, em todas as vezes que vi o filme. Enquanto digito essas palavras para vocês, estou ouvindo pela sei lá que vez a trilha sonora no Spotify.

Bem, acho que nesse post vou ter que dizer para vocês: Senta que lá vem textão... Rs!

O filme não é simplesmente uma linha do tempo da vida de Reginald Dwight, começando na infância e indo até alguma fase. Não! Na verdade ele inicia com Elton chegando em uma sessão de terapia de grupo, o figurino que ele usa faz a gente entender que havia acabado de sair do palco. Ali ele começa a destrinchar suas memórias, ai sim desde a infância até o momento que decidiu pelo tratamento, numa linha do tempo linear. A medida que vai repassando as suas memórias também vai se desfazendo do figuro que usa.

Reginald foi um criança que sofreu com ausência paterna e teve uma mãe que o culpava pela ausência do marido. Santa avó que esteve presente na vida desse menino, assim o mundo ganhou Elton John.

Num filme sobre Elton John além das músicas outra coisa que é muito importante são os figurinos, e nisso o designer de figurino não pecou, trabalhou muito bem, todas as roupas e óculos usados por Taron Egerton tem muitas referencias das originais de Elton, quando não são replicas das mesmas.

Quem conhece um pouquinho de Elton John sabe o quando é importante isso, nunca vi nenhuma apresentação dele que não houvesse algum brilho na roupa, são fantasias para um personagem que fez o mundo se encantar e cantar junto.

Para mostrar a importância que o figurino tem, segundo o próprio Elton, num make off que assisti do filme, ele só entrava no personagem depois de estar no figurino, e sutilmente isso é mostrado no filme, tem dois momentos evidentes de transformação do rapaz deprimido, a beira do fim, para o artista empolgante no palco (spoleir: são as cenas com as músicas Pinball Wizard e Rocketman).

A fotografia não tem nada de muito empolgante, foi trabalhada sim, mas nada que surpreenda. O filme inteiro tem um "cheiro" de década de 70/80 por conta da paleta de cores escolhida.
Só quero pontuar o trabalho feito numas das cenas no início do filme, quando somos apresentados de fato ao menino Reggie, nessa cena eles fazem o uso de cores de maneira bem legal, apenas Elton e Reggie estão usando cores saturadas, já os outros personagens estão com suas cores apagadas, deixando evidente que os protagonistas dessa história são Elton e Reggie.

Ahhhhh... E as atuações.
Gente estou apaixonada por Taron Egerton (já enviei a ele minha declaração de amor e estou apenas no aguardo do pedido de casamento. Rs!), esse menino se transformou em Elton John, até o próprio Elton falou isso!

Eu já conhecia dois trabalhos anteriores dele, Kingsman - serviço secreto e Kingsman - o circulo dourado, mas fiquei impressionada com essa performance, e ele canta todas as músicas, e também manda bem nessa parte.

Incorporou o seu personagem, teve momentos que eu via Elton, jeito de sentar, de falar, leves movimentos que são característicos da pessoa, ele trouxe isso tudo. Tem videos de make off onde ele canta sem estar interpretando o personagem, ai você percebe a diferença, no make off é o ator, no filme é o personagem. O processo de caracterização foi perfeito.

Até agora me pergunto como Taron não foi indicado ao Oscar de melhor ator, acho que merecia até mais que o ganhador de 2020.

Outros atores que quero mencionar são Bryce Dallas Howard (Jurassic World - 2015) e Richard Madden. Embora não tenha uma atuação ruim no filme, preciso falar especificamente desses dois, ela esta divina, a mãe bruxa, que por mais que ame seu filho, sofre por conta do que ele trouxe para sua vida e desconta isso nele.
Já Richard faz o empresário e um boy lixo de primeira, você sente raiva, muita raiva e que sotaque é aquele? Jesus, maravilhoso! Para quem não sabe John Reid é escocês, e a título de curiosidade além de ex-amante e empresário do Elton John, ele também foi empresário do Queen, o personagem também aparece em Bohemian Rhapsody.

O filme tem cenas marcantes, uma delas foi muito falada por conta de ser de sexo gay.
Elton como produtor do filme reclamou da edição, cortaram demais. Eu, na minha humilde opinião de quem sabe nada de cinema (não sei mesmo, dou minha opinião formada nas impressões que tenho e não falo de técnicas), achei linda, é um misto de carinho, urgência, beleza e delicadeza, com close ups inteligentes e no final a câmera fazendo plano americano em eixo fixo (ai minhas aulas de AEV na faculdade, desculpa Colombo se falei bobagem aqui), onde os personagens estão no canto da tela. achei de uma beleza...

Mas a minha preferida é do restaurante, onde toca a Goodbye yellow brick road, na verdade são duas cenas, começa com a mãe e termina com Bernie. Tem todo um drama, são intensas e a música é ótima.

Palmas para a direção que optou por um formato de transição de cenas muito interessante, usando mesmo cenário, se você piscar no momento errado vai ficar uns segundos se perguntando o que aconteceu.. Rs!

Para finalizar, a história é parecida com o que já vimos de vidas de artistas, muito sexo, drogas e tentativas de suicídios. O filme desenha bem a trajetória de Elton John, da criança prodígio ao astro do pop mundial, a auto destruição, os abandonos, os vícios...
Mas isso acaba esbarrando no estereotipo que todo artista é um sofredor criativo. Não vi enaltecer, mas é uma linha muito tênue entre mostrar quão maléfico é, ou romantizar a tal situação.

Acho que o diretor só quis mostrar um pedaço da vida de Elton, com o filtro das belas músicas que ele fez no período que o filme mostra.

Para quem ainda não viu o filme e esta esperando ver a música do Rei Leão, sinto muito meu bem, mas período Disney, ficou de fora do filme...

Vale a pena manter a bundinha no sofá até o final, o final é um clipe da música I'm Still Standing, mas com manipulação para inclusão da imagem de Taron Egerton no lugar de Elton John. Inclusive Taron já cantou essa música em Sing, quem canta seus males espanta.
Depois disso sessão de fotos contando como nosso personagem esta hoje, e as fotos comparativas de momentos mostrados no filme.

Bem, obviamente pela quantidade de palavras nesta postagem (quase 1300), percebe-se que estou apaixonada pelo filme e também porque quando ouço as músicas da trilha sonora vejo as cenas que  fazem parte.

Recomendo que assistam. Sério.
t's a little bit funny this feeling inside
I'm not one of those who can easily hide
I don't have much money, but, boy, if I did
I'd buy a big house where we both could live"
Deu curiosidade sobre o filme? Dá uma olhadinha no trailer.



Rocketman
Dexter Fletcher
Paramount Pictures
2019



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